Diário Informativo, quinta-feira, 21 de junho de 2007
Igreja ortodoxa inaugurada há 50 anos por grego foi tombada nessa semana através de decreto municipal
Caio Carvalho
Da Reportagem Local
Uma beleza quase que única. O templo da igreja ortodoxa em Lins expressa uma das raridades do pais. Fundado por um grego há quase 50 anos, o templo religioso agora é patrimônio histórico do município. A mobilização foi feita pelo conselho municipal de preservação do patrimônio histórico. A igreja foi construída, após o seu fundador ter passado por um “milagre”, segundo a família. Agora a Igreja aguarda pela restauração.
A formalização do tombamento do templo aconteceu no final da tarde de terça-feira com a presença de várias pessoas. A igreja é uma homenagem à santa Ayá Tsambica, que teria realizado um milagre ao fundador Stéfano Eleftherios Vassiliadis. Helena Zarvos é prima de Stéfano. Participou do tombamento do templo com bastante emoção e conta que o ato é um sonho realizado.
“Em 1988 surgiu um sonho de uma prima nossa para realizar o tombamento”, conta Zarvos. Ela diz que houve várias tentativas para o processo de transformação da igreja em patrimônio do município, mas essas não se sucederam. Para a prima do grego Stéfano, a Igreja representa um ícone da cultura grega na cidade.
Zarvos deseja que a igreja seja preservada. “Não querendo desfavorecer os outros edifícios históricos do município, mas pela originalidade, pelas pinturas bizantinas, não é algo que podemos dizer que é comum”, diz. O templo é um dos poucos que existem no país.
A próxima etapa, agora após o tombamento, será da restauração. A presidente do conselho municipal de preservação do patrimônio histórico, Antonieta Nazaré de Lima Coqueiro, frisa que houve uma grande luta para o tombamento da igreja. Ela que explica que o tombamento representa a preservação do patrimônio histórico, lembra que agora poderá ser feita uma melhor preservação. “É o primeiro tombamento”, destaca Coqueiro. Como presidente do conselho, ela diz ficar impressionada com a beleza das pinturas. “Os gregos vieram para cá com a comunidade grega e deixaram essa relíquia”, ressalta. A Grécia, relata, teve uma colônia até que expressiva na cidade. “Eles vieram para cá com seus familiares com a intenção de continuarem morando aqui”, afirma.
O templo começou a ser construído em 1957 e foi inaugurado no dia 7 de setembro do ano seguinte. A vice-prefeita Keiko Obara Kurimori, que também tem se empenhado no conselho de preservação do patrimônio histórico conta que foram feitas várias reuniões, até que se chegou ao tombamento da Igreja. “A ideia do tombamento é que, mesmo fazendo uma reforma, preservar as características originais”, diz a vice-prefeita.
“Evidentemente que o poder público vai buscar recursos para a restauração”, garante ela, que afirma que é importante dar uma utilização ao prédio. “Temos que fazer uma reforma e dar uma finalidade”. Zelar pelo prédio tem sido o papel de dona Maria Silva, que afirma morar ao lado do templo ortodoxo há 18 anos. “Antes de eu morar aqui havia mendigos que vinham aqui”, lembra.
Dona Maria é quem acompanha as visitas que às vezes são feitas à igreja, até por pessoas de outros estados do país, conta a zeladora. Ato esse que é agradecido por Helena Zarvos. Residindo era São Paulo até o ano de 2002, Zarvos afirma que a igreja ficou durante um bom tempo abandonada.
MILAGRE – O motivo da construção da igreja ortodoxa é por um milagre realizado pela santa Ayá Tsambica. O grego Stéfano mudou a Lins em 1951, mas gostaria que sua mãe viesse morar na cidade, como os demais familiares. Stéfano tornara rico com a plantação de arroz, e em uma grande cheia naquela época, foram afetadas todas as plantações de arroz da região, exceto a do grego.
Após o acontecido, ele tem um sonho. “Ele teve um sonho em que estava à mãe dele e a santa, e dizia que ele teria que construir a igreja para trazer a mãe dele”, descreve o autor de um histórico sobre a igreja, Lucas Fernandes de Paulo – quando estudante no 3º ano do ensino médio cursado no Instituto Americano de Lins. Ele e outros alunos tiveram o trabalho premiado no concurso nacional “Tesouros do Brasil” no ano de 2004.
Em razão da cheia não ter atingido sua plantação, o fato é considerado. um milagre pelo grego e, mesmo sem recursos, constrói o templo situado no Jardim Campestre. “Depois a mãe dele também acabou se mudando para o Brasil”, explica Lucas.
Igreja dos Gregos passa a ser patrimônio histórico
Um dos mais belos templos cristãos de Lins se tornará património histórico hoje. A cerimônia que marcará o tombamento do Templo Ortodoxo Grego “Ayá Tsambica”, popularmente conhecida por Igreja dos Gregos está marcada para às 16h30min. Construída em 1957 pelo grego Stefano Vassiliadis, a igreja foi objeto de um trabalho de pesquisa de alunos do IAL, premiado no concurso nacional “Tesouros do Brasil”. O tombamento histórico é resultado de ação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Comdephac).
