Com Padre Nectarios, tivemos a grande honra e uma grande responsabilidade, restaurar um biombo pintado por Manabu Mabe, cujo proprietário, um honrado cidadão linense, de ascendência nipônica, confiou a nossas mãos. A restauração, realizada por etapas, nos levou quase um ano.
Depois de viver por quase três anos nesta cidade, sentimos que a sua história, por desígnio de Deus, está nos tocando de perto. Stefano Vassiliadis, e a igreja pintada por Costas Saltaferis, o nosso compatriota, o restauro do magnífico trabalho, de um grande pintor, um pioneiro no estilo como Mabe, nos sentimos honrados.
Mas, por sua vez, o que vivemos, nos leva cada vez mais para a história rica e original desta cidade, infelizmente inédita para o resto do estado, e quase ignorada por seus próprios cidadãos.
Manabu Mabe (Udo, Japão, 14 de setembro de 1924 – São Paulo, 22 de setembro de 1997) foi um pintor japonês, naturalizado brasileiro, pioneiro da arte abstrata no Brasil.
Em 1934, chega ao Brasil com a família a bordo do navio La Plata Maru para trabalhar nas fazendas de café de Lins, interior de São Paulo. Tem uma infância pobre, adaptando um ateliê no meio da plantação para pintar naturezas mortas e paisagens. Consegue realizar sua primeira exposição individual em São Paulo (1948), na qual mistura caligrafia oriental com a pintura feita de mancha. No ano seguinte participa do Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro.
Casa-se com Yoshino em 1951 e tem três filhos. Ganha o prêmio de pintura na II Bienal Internacional de São Paulo (1953). Em 1956, participa da Bienal de Arte do Japão e, em 1959, obtém o prêmio de melhor pintor nacional da V Bienal de São Paulo e de destaque internacional na Bienal de Paris.
Em 1979, 153 quadros seus, alguns dos quais premiados, são perdidos em um desastre ocorrido com um avião de carga da Varig, que estava na rota Los Angeles-Tóquio. Alguns dos quadros foram refeitos mais tarde pelo pintor.
Realiza, em 1986, uma retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e lança um livro com 156 reproduções de seu trabalho com textos em português, inglês e japonês.
Escreve, em 1995, a autobiografia Chove no Cafezal, em japonês, cujo texto original foi publicado em capítulos semanais no jornal Nihon Keizai Shinbum de Kumamoto, sua região natal. Em 1996, viaja para o Japão para uma grande mostra retrospectiva de seu trabalho. Diabético, morre em São Paulo por complicações ocasionadas por um transplante de rim.